sábado, 6 de novembro de 2010

A Lenda de Curibá e Jaricó Copaíba

             de Claudia Novello Ribeiro *

            Há muito tempo, mas muito tempo atrás, num vilarejo lá no interior de Minas Gerais, aconteceu um causo, que virou a história e que virou a lenda de Curibá e Jaricó Copaíba.
            Curibá era um homem simples;  com um coração muito bom, porém ele não sabia fazer algumas coisas que seus companheiros do vilarejo faziam com facilidade, como jogar bola, caçar e pescar.  Quando o grupo saía para a mata, a fim de caçar ou pescar, todos traziam suas sacolas cheias de peixes ou animais, e o pobre Curibá vinha sempre com a mão abanando.  Por este motivo, todos faziam piadas com o seu nome:  “Curibá, vai pescar ou dar banho na minhoca?” , “Curibá é melhor comprar o peixe no mercado para ter o que comer.”   Depois de dizer tudo isto, as pessoas caiam na gargalhada.
            Um dia, muito triste, Curibá foi para a mata, encostou-se numa copaibeira com muito galhos, flores brancas e rosas, repleta de sementes, e começou a chorar.  Suas lágrimas foram molhando as sementes e, de repente, de dentro de uma flor da copaibeira surgiu um duende.  Um homenzinho bem velhinho e simpático, com um gorro comprido, uma longa barba fina que ia até o meio de sua barriga e um olhar amigo nos seus olhos azuis bem apertadinhos.
- Alô, alô, aló! Chamou! Chamou! Chegou o Duende Jaricó! Vim aqui para saber o motivo de tanta tristeza meu rapaz.  Sei que você é uma boa pessoa, não maltrata ninguém, e ajuda quem precisa, e por qual motivo estaria chorando tanto?
            Curibá contou para Jaricó o motivo de sua tristeza, das zombarias que andavam fazendo com ele e o duende então disse:
            - Eu, Duende Jaricó Copaíba, vou deixar para você, todos os dias, sete minhocas mágicas, bem aqui neste buraco do tronco da copaibeira, que vai fazer você pescar quantos peixes quiser.  Só exijo uma coisa: leve para sua casa só os peixes que precisar, e o que sobrar você deve levar para o orfanato e o asilo da vila.
            Assim Curibá fez.  Todos os dias passou a pescar bastante e fazer o que Jaricó havia pedido. Isto tornou Curibá uma pessoa muita querida por todos e as brincadeiras de mau gosto que faziam com ele acabaram.  Seu cunhado, João Tarrafa, ficou morrendo de inveja com o sucesso de Curibá. Um dia resolveu seguí-lo e descobriu o segredo das minhocas mágicas.  Por ser invejoso, resolveu roubá-las.
            Quando Curibá foi até o buraco da copaibeira e não encontrou as iscas, ficou desesperado e chamou por Jaricó.  Ouviu a voz do duende que dizia de maneira bem forte:
-  Curibá, mesmo sem as iscas, vá ao rio e jogue seu anzol.  Vamos lá rapaz!
            Assim fez.  Depois de um tempo sentiu que algo havia mordido o seu anzol.  Pensou que fosse um peixe muito grande que estava puxando-o para dentro do rio.  Curibá lutou muito até que conseguiu tirá-lo da água.  Teve uma grande surpresa ao ver que não era um peixe e sim uma grande minhoca com a cara de João Tarrafa, que gritava pedindo para sair dali.  Aí ele escutou novamente a voz de Jaricó:
-  Curibá, isto é um castigo para o seu cunhado João Tarrafa pelo o que ele fez.  Enquanto não pedir desculpas a você, no laguinho da praça da vila, ele continuará em forma de minhoca, sendo desprezado por todos que o pegarem.
Depois disso, Curibá voltou a pescar dando sempre uma parte do que conseguia para a população carente.  Seu cunhado, depois de pedir perdão em público por suas maldades, foi apelidado pelo povo de João Minhoca.         
Ainda nos dias de hoje, quando se encontra uma minhoca perto da copaibeira, a pessoa que a encontrou tem muita sorte na pescaria e sai dizendo:
            - Bendito peixe, alô, alô, aló. Benditos amigos Curibá e Jaricó.  Vou levar um peixe p'ra mamãe, um p'ra o meu irmãozinho e um para  vovó!
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------       Eesta lenda é dedicada ao maior duende de todos os tempos, Herbert de Souza , o  BETINHO.
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       * (Claudia N. Ribeiro é minha filha e escreveu esta lenda em agosto de 1997)


Um comentário:

  1. Excelente homenagem ao nosso querido Betinho. Cláudia escreve bem demais, amigo. Filha de peixe..... Amei muito, já postei no Facebook, Twitter e só falta o Orkut.'Belíssimo conto Cláudia'
    Parabéns querido amigo! Estava faltando o seu blog na NET, viu? Maravilhoso, interessante e muito inteligente. Meu carinho, Suzette

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