quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Barcos

gabriel m. ribeiro 

Minhas lágrimas! Elas por onde flutuam?
As que foram deserdadas desafortunadas
pelas escotilhas da vida e das incertezas
e no barco-sonho, por fim derramadas,
continuam sangrando e se perpetuam
na morte, singrando o mar das tristezas.

Salgando o sal das águas gélidas e escuras
com sais que abandonam e drenam d' alma,
destilados, gota-a-gota, em agonia impura
de quem, moribundo, se assiste fracassar,
e golfando os estertores da alegria, acalma
hemorrágico, inundando de mais dor o mar.

Berço das aventuras do amor-conquistar
rompendo o virgem destino do horizonte
caminha ao farol hermético de um avatar
a procura de uma fronte, um semblante
de um amor que embora sendo parco
consumiu-se no jogo-oco deste barco.

- 07 / 04 / 01 -

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