quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Antíteses

gabriel m. ribeiro
Benditos são os frutos do vosso ventre
Malditos são os ventres de podres frutos
Malditos acre  frutos de podres ventres
Benditos os ventres livres e livres frutos.

Bendita a livre voz que não me calou
Malditos os que calaram a nossa voz
Malditos aqueles que ditaram as calas
Benditos são os que libertaram as vozes.

Benditos são os olhos que não me seguiram
Malditos os que me seguiram  com seus olhos
Malditos os que perseguiram aos seguidores
Benditos  olhos que seguiram, perseguidores.

Benditos as páginas escritas em branco
Malditos os cortes nas páginas escritas
Malditos brancos, em corte, nas páginas
Benditos os cortes proscritos em páginas.

Bendita a liberdade da palavra oculta
Malditos os que a liberdade ocultaram
Malditos os que a ocultaram palavra
Benditos os que a palavra libertaram.

-  17/10/99  -

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