sábado, 13 de novembro de 2010

Choro

gabriel m. ribeiro
Choro uma lágrima espinhosa
que não sacode no peito,
mas o transfixa em perdas;
que não tremula no soluço,
mas tropeça em angústias.

Choro uma lágrima ressequida
que não arde na face,
mas tatua em vergonha;
que não mancha o rosto,
mas dissolve a maquiagem.

Choro pelo enganoso martírio
em que me imolei,
choro pelas lúdicas mentiras
em que acreditei,
choro pelo volumoso silêncio
com quem conversei,
choro pelo necessário perdão
de quem magoei.

- 06/04/03 -

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