sábado, 5 de março de 2011

El Greko (cacos biográficos)

El Greko (cacos biográficos)
gabriel m. ribeiro 

Domenikos Theotokopoulos, 1541,
Urge parido de um ventre em Cândia,
É Creta, ilha grega, mediterrânea
Culto, poliglota, homem incomum

Absorve, degusta e transpira
A arte de Tissiano, Bassano e Tintoreto
Maneirista, desenha, cria e delira
Ópera sem som, sem verso, sem libreto.

A Anunciação


No abandono de um quarto, Maria
E anjo celeste  flutuando no ar
Anunciando a  mãe que nos daria
Um filho que veio para nos salvar.


O Espólio


Despojado de sua túnica, nu  Homem Jesus
Cercado pelos profanos, infames e brutos
À santidade dos céus seus olhar conduz
Perdoando os fiéis, os incrédulos e injustos.


A Adoração em Nome de Jesus


O céu , a terra, o paraíso e o inferno
Curvam-se à presença do Senhor
Contrastam presente, fim e eterno
Nas nuvens o anagrama de amor.


A Agonia no Horto

A ceia já consumida pelos discípulos, seguidores
E todos dormem, todos dormem, menos o Nazareno
Corpo - pão, sangue -  vinho, guarda e traidores
Grande seu perdão para seres tão pequenos

São Martinho e o Pobre


O corpo nu, flagelo e ferida
Experimenta a fraterna igualdade
Do manto nobre em piedosa acolhida
Santíssima atitude, generosa humildade

Cristo Expulsa os Vendilhões do Templo

A casa de oração pela ganância destruída
Recebe o expurgo de um Cristo transtornado
Podres vendilhões desnudos, almas decaídas
E apóstolos estupefatos ao templo resgatado

A Visão de São João


El Greco pinta a visão apocalíptica
A visão espiritual de São João
Santo, homem, figura e mítica
Pinta o céu, pinta o ar e pinta o chão.
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El Greco poeta das tênues  tintas
De forma alongada na pluma do pincel
Poeta das formas, complexas e sucintas
Inspira palavras na mensagem de Gabriel.

-  13/10/98  -

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