sábado, 24 de setembro de 2011

SILÊNCIOS DO PAREDÃO

Gostaria de dividir com vocês um sentimento que o Paredão da Urca me proporciona

SILÊNCIOS DO  PAREDÃO
gabriel m. ribeiro

Há um místico dourado espelhado nas marolas encantadas do poente outonal.
No balbuciar destas águas percebia-se o solfejo distante das sereias em dueto com as andorinhas nas revoadas de retorno aos ninhos.
Um diálogo da natureza entre: o distante adeus do sol que balbuciava segredos com as espelhadas águas.
Algo confidencial, talvez malicioso, e certamente em cumplicidade, e estas mesmas águas respondiam através dos últimos, generosos e sensuais reflexos dourados.
Um sigilo explícito de quem reinou incandescente durante quase doze horas, tornando azul todas as águas, que como a montanha, até então verdejante, torna-se escura tal e qual uma temida noite de infância repleta de raios, relâmpagos e trovoadas.
Olho para o sol e vejo os raios agonizantes; olho para as águas douradas e elas transformam-se em negro tapete de sigilos e mistérios.
Procuro as andorinhas e vejo que os velozes morcegos já procuram as amendoeiras.
Procuro o calor do sol e sinto os débeis arrepios do anoitecer.
Procuro a luz e encontro, neste despedir magnífico de mais um dia, a magia e a energia de quem tem o incomensurável privilégio de poder ouvir os silêncios do nosso paredão.
"…óra pro nóbis peccatóribus
nunc et in hóra mórtis nóstrae.
Amen."
01 / 08 / 08

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