(Minha reverência e gratidão à Maromba, Visconde Mauá, RJ)
(A você que também amou por entre aquelas pedras de rio...)
gabriel m. ribeiro
Escorregam em Maromba
robusta serra , águas frias
dois corpos despidos
corações quentes.
Um romance desliza na pedra
A rocha lisa e alisa
As arrepiadas peles nuas
das águas frias,
das vergonhas
e da quente paixão.
Nos galhos do pinus,
negligentes, roupas de nylon secando
Na sombra do mesmo pinus,
corpos nus se entrelaçando
No leito dolente e ribeiro
a testemunha, fogosa Natureza,
faz brado em trovão, estrondo
um pio, um silvo, um grito
a águia, a cobra, no chão, no ar
macho e a fêmea e o gozar.
Ó fotografia indelével
com seus virginais segredos
mostrados neste rascunho de amor
pedindo, adolescente, o carinho
oferecendo, madura, o abrigo.
Ó imaculada delicadeza
permitindo-se não ter medo
vivenciando com veemência e ardor
transformando seu corpo em ninho
altar de candura a Eros erguido.
Beijo aguado da água do rio
da saliva espumante deste brinde
que falou dentro de cada um
com o gosto da framboesa
nascida nos nossos pés viajantes .
Abraço roçado na carne da pedra
Paixão mestiça suada cheia de cio
Desejos, ternuras, paixão, loucura
Febre de corpo, excitação, cheiro suor
Mãos e mãos, nos corpos à procura...
No brilho semi - cerrado dos olhos
reflexo de alma e natureza
Avalanche e nuvens envolventes
Abraçando as montanhas templárias
Levando nos raios poentes
A silhueta despida e saciada
Da musa, ninfa, deusa castiça
Princesa barroca anunciada
Profetiza e deusa infinita
Das barrancas molhadas de Mauá.
Anjo que irrestritamente amei
No macio das pedras de Xangô
Nas envolventes águas de Oxum
Sob o céu cálido de Oxalá, o Rei
Nas florestas de Oxossi, de Ogum
Santificado corpo que lambi, beijei
Nas águas santas e verdes de Uiára
Com a garra e volúpia de Deus Marte
Vênus, moldura amorosa e rara
Reduto de amor casto, virgem arte.
Jamais balbuciarei sequer seu nome
Para não aventurar a dor de esquecê-lo
Lembrarei, sempre desta nossa fome
De prazer, em dá-lo e também recebê-lo.
- 17/11/99 -
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